Programa e linhas para o ano 2017-2018
“Creio que todos reconhecemos francamente: o mundo, e com ele o mundo interior do homem, estão desconjuntados. A raiz está no facto de a Humanidade ter perdido o seu centro de gravidade e ele é: o Deus vivo e a ordem objectiva de ser e de vida pensada e criada por Deus. […] tal como um bêbado que se encontra à beira de um precipício, a humanidade já não consegue segurar-se e está quase a despenhar-se no abismo do nada. Causas do desequilíbrio: a imensa falta de consistência interior, o desenraizamento e a falta de acolhimento do homem contemporâneo. […] Acabemos com a cobardia dos que não sabem o que fazer, que se voltam doentiamente para as praias antigas e para as novas, mas desconhecem a ordem do ser objectiva. […] E isto torna-se ainda mais evidente quando se encara o salto para o além, para o sobrenatural e o divino.”
Pe. José Kentenich, in Desafios do nosso tempo, Pgs. 13-15, Ed. de autor, ISPSch., Lisboa, 2002
Este pequeno trecho do livro Desafios do nosso tempo é uma clara interpelação do fundador a qualquer um de nós presente nesta sala, que já fez a sua aliança de amor, que indiscutivelmente quer trabalhar a sua santidade. Perante os ataques e desafios à família, e perante o imobilismo do cristão que se acentua nos dias que passam, a nossa atitude terá que ser uma resposta clara a esta pergunta: E tu vens comigo?
Bastar-nos-ia pensar no compromisso que assumimos em AA e na história pessoal do fundador para que a resposta nos saia de jacto: Claro Pai, vamos e estamos contigo.
Mas por sabermos que a envolvente desta resposta não é assim tão simples é que estamos aqui os oito.
Este casal-chefe e mais 3 casais, que arriscaram acompanhar-nos, vêm aqui dizer: estamos disponíveis, estamos prontos para, em conjunto, podermos trabalhar um caminho de santidade, ainda mais determinados em ser santos… conscientes das nossas limitações e imperfeiçoes, mas seguríssimos da força que emana da Mãe e do seu Imaculado Coração.
Acabemos com a cobardia dos que não sabem o que fazer…
Cada mandato que começa é uma pagina que se volta na história da Liga e a continuação de uma belíssima história de amor. Para trás estão 36 anos de Fé, confiança, capital de graças, oração pessoal e correntes de oração, sofrimentos, alegrias, santuários-lar, cumplicidade, filialidade, fidelidade, entrega heroica e um profundo sonho de querer ser mariano a sério, trabalhado por gente que foi aprendendo a saber o que fazer.
Queremos convosco fazer parte desta história e desta Aliança de Amor entre Nossa Senhora e todos os casais que se comprometeram com Ela, inspirados pelo Fundador e dentro desta família.
Por isso escolhemos como princípios norteadores destes 3 anos, três certezas:
• Temos Pai
• Temos Mãe
• Temos Família
Alicerçados nestas certezas trabalharemos, ano a ano, estas linhas e a vontade de converter cada pedacinho do nosso coração, porque o coração é terra de missão e falta tanto para evangelizar…
Convertidos à certeza que só com o apoio da Mãe que educa, com a intercessão no céu do fundador, de todos os schoenstattianos em processo de beatificação, e de todos quantos aqui nesta família marcaram a nossa vida e já estão no céu, então conseguiremos pôr esta missão em marcha.
Somos instrumentos conscientes e instrumentos involuntários do céu na vida de outros, somos, se calhar, causas segundas. Somos as ferramentas com que Nossa Senhora conta para tornar esta missão de converter, e nos convertermos, mais forte, e assim tem sido nos últimos 36 anos…mas não chega;
A conclusão a que chegamos, ao ler e rezar a história desta família e desta liga é que qualquer um de nós nesta sala, se quiser, pode ser o 4º pastorinho de Fátima, pode estar de joelhos junto de uma qualquer azinheira e repetir: sim, Mãe, eu quero, eu faço, eu rezo, eu amo-vos…peço-vos perdão por aquilo que não faço, aquilo que não rezo, aquilo que não sou e pelas vezes que brinco ás escondidas com o Teu amor.
Com esta vontade e esta disposição o que se pode pedir, ou mesmo exigir, à Direcção da Liga?
- Paciência para ouvir;
- Humildade para aprender;
- Disponibilidade para mudar;
- Ousadia para inovar;
- Consciência de missão para propor;
- Vontade de chegar a cada casal, inteirando-se do seu ritmo, enquadramento, realidade no tempo e no espaço;
- Coragem para obrigar cada casal a ser ainda mais santo;
- Tempo para rezar e fazer capital de graças honrando a herança de todos os que nos precederam e rezam diariamente por nós;
- Ternura para ligar gerações;
- Espirito de serviço;
- Evitar ao máximo a cobardia de não decidir quando o caminho é tão claro e desafiador, porque ele é o caminho do colo da Mãe, de mão dada com o fundador.
E por sua vez que pedimos a cada casal comprometido da Liga?
- Que não cedam á tentação do imobilismo e fiquem à espera da doutrina mastigada;
- Que não fiquem em silêncio remoendo o silêncio e as expectativas frustradas;
- Que não se afastem do santuário e da família ainda que em determinadas circunstancias o que temos para oferecer não seja aparentemente atractivo ou integrador;
- Que não deixem de responder a pedidos e a desafios;
- Que respeitem as nossas limitações e as nossas fraquezas, perdoando as nossas culpas;
- Que escutem o Fundador no mais fundo do vosso coração e o vão preparando para uma aliança filial;
- Que nos ajudem a continuar a ser Fundamento e coroa de toda a Família do Pai em Lisboa;
- Que assumidamente reconheçam em Nossa Senhora a Mãe e a Educadora que, a partir de vossa casa, teima em fazer de todos uns santos e dali fará milagres de transformação.
E no fim de tudo quando fizermos o balanço do mandato, que nunca fique a bailar na nossa cabeça uma frase contundente muito usada pelo Fundador:
"O homem que sou saúda tristemente o homem que eu gostaria de ser"